lunes, 25 de diciembre de 2017

"Contra las cosas redondas" en la Revista Ínsula






 ÁNGEL LUIS PRIETO DE PAULA
Revista Ínsula
Número: 852, diciembre 2017
págs. 30-33 


lunes, 11 de diciembre de 2017

Misticismo naíf


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"Quimera", revista de literatura, nº 408, pág. 63, diciembre de 2017

lunes, 13 de noviembre de 2017

El poeta escribe su epitafio







Miguel Rivera, vocalista del grupo sevillano Maga, pone música a "El poeta escribe su epitafio", poema perteneciente a mi libro Frecuencias (Visor, 2012).

Fue en el programa "Ahora empieza todo" (Radio 3, RNE) el pasado día 30 de octubre.

Muy agradecido.

Y aquí el poema original:


lunes, 25 de septiembre de 2017

La eternidad va a ser un poco larga (Robert Sabatier)




LA ETERNIDAD VA A SER UN POCO LARGA
(UN POEMA DE ROBERT SABATIER)

A menudo entro y salgo de mí mismo
y alguna vez me solicito audiencia.
Topo conmigo en largos corredores
y pongo cara de que no me asombro
o bien me ignoro.

Un breve llanto oscuro
rompe un espejo. Vamos de viaje,
nos dejamos, jugamos a escondernos,
mi cuerpo y yo, esposos de la aurora.

¿Soy yo sin ser? ¿Y no es soñar vivir
fuera de sí, de los muros, la duda,
donde el cuerpo no llega, porque pesa
más que el bronce y el plomo del cerebro?

Y me voy por lugares musicales
para olvidar el sitio donde habito:
la arcilla densa de donde entro y salgo
ya vivir me resigno sin mis alas.

―Entrad en mí, pues tengo mil alcobas
para vosotros, salas e invernáculos.
Mas nadie viene, el único invitado
soy yo, en la casa demasiado grande.


[Traducción de Enrique Moreno Castillo]

lunes, 18 de septiembre de 2017

Canal Saturno (Aragón Televisión)



El actor José Luis Esteban  interpreta el poema homónimo de mi libro Contra las cosas redondas (La Bella Varsovia, 2016) en el programa "Canal Saturno" de Aragón TV (martes 5 de septiembre de 2017).

lunes, 11 de septiembre de 2017

Abre la puerta


Teatro del Temple y Tanttaka Teatro traen los días 15 y 16 de septiembre a Zaragoza Abre la puerta, una propuesta escénica interdisciplinar y mestiza, en la que se unen palabra, música en directo, imagen, emoción, humor y experiencia sensorial para mostrar una reflexión escénica sobre la realidad y el deseo del ciudadano del siglo XXI.

Un espectáculo de José Luis Esteban y Naiel Ibarrola.

Dramaturgia de José Luis Esteban sobre textos de Walt Whitman, Manuel Vilas, Ana Elena Pena, Nicolás Guillén, John Giorno, Jaime Gil de Biedma, Federico García Lorca, Isla Correyero, Charles Bukowski, José Luis Esteban y Jesús Jiménez Domínguez (sí, da un poco de cosa verse ahí, entre nombres tan apreciables).

Audiovisuales y música original compuesta e interpretada en directo por Naiel Ibarrola.

Será, ya digo, los días 15 y 16 de septiembre (a las 20:30 horas) en el Teatro del Mercado de Zaragoza, dentro de la primera edición del Festival ZGZ Escena.

Atreveos a abrir esta puerta.

lunes, 31 de julio de 2017

Pliego de condiciones de la casa (Luis Garde)









PLIEGO DE CONDICIONES DE LA CASA
(UN POEMA DE LUIS GARDE)

No
si no tiene alas de goma y ruedas de pluma.
Si no sabe navegar por las calles,
si sus habitaciones no son navegables.
Si el viento no hincha las velas gastadas
de las camisas tendidas en los balcones.
Si los motores bajo las camas
no están engrasados con intenciones realizables;
tampoco si el fondo de los espejos
hermosea las caras de los inquilinos.

No
si su genealogía
no está dibujada
con hojas de una sola estación,
con brotes podables e injertables;
si no se invalidan los derechos de primogenitura,
si la casa no es capaz
de dar a luz otra casa.

No
si el tejado no tiene agujeros
del tamaño de aves migrantes
y a la medida de nuestras cinturas,
si las paredes no son móviles y provisionales;
si las vigas no asimilan el temblor de nuestras manos,
si al huésped
se le pide un peaje no acordado,
no
si al pintar las manchas oscuras de las paredes
se ocultan los sueños más húmedos,
si los ángulos rectos no se curvan con el calor de los cuerpos,
si las ventanas no son más amplias que las paredes,
si las puertas no son plantas regables
y si los cimientos no son tan líquidos como la palabra labio,
si las raíces no son capaces de hundirse o de brotar
a golpe de latido de la arena movediza o del agua no estanca.

No firmaré,
ya no defenderé más, amigos,
ese lugar contra la tormenta
y ese tiempo de tormenta
que llamamos casa
si no la vamos construyendo
de acuerdo a los comportamientos cambiantes,
con daños razonablemente llevaderos,
de la mecánica de fluidos.

lunes, 24 de julio de 2017

Dois poetas de Espanha

Tem tradição entre nós o interesse pela poesia vinda de Espanha, patenteado desde há muito tanto no incansável trabalho de divulgação levado a cabo por José Bento (n. 1932) como nas traduções de Joaquim Manuel Magalhães (n. 1945). Pequenas editoras como a Averno, a extinta Ovni, a Língua Morta, a Douda Correria, a Medula e a do lado esquerdo, para citar umas poucas entre outras que por certo estarei a esquecer, deram e vão dando continuidade, conforme os casos e na medida das suas possibilidades, a esse esforço de publicação de poetas herdeiros da língua de Cervantes. Dois livros recentes são exemplo desse mesmo esforço, assim como de uma pluralidade que mantém viva a poesia produzida por nuestros hermanos.
  
Comecemos por Carne de Leviatã (Douda Correria, Junho de 2016), de Chus Pato (n. 1955), poeta galega estreada em 1991 com um livro intitulado Urania. Uma nota final informa-nos de que a obra traduzida por João Paulo Esteves da Silva encerra a pentalogia Decrúa, iniciada com a publicação de m-Tala (2000) e continuada com os livros Charenton (2004), Hordas de escritura (2008) e Secesión (2009). É igualmente da autora um apontamento explicativo do título Carne de Leviatã, o qual foi respigado em Giorgio Agamben numa passagem onde se alude à tradição judaica. Leviatã é um dos três animais da origem que servirá de banquete aos justos nos dias do Messias. A poesia de Chus Pato tinge-se de inúmeras alusões congéneres, provenientes tanto da mitologia greco-romana como da tradição judaico-cristã.
Transgredindo as convenções do lirismo focado no sujeito, assume uma tendência reflexiva que aproxima amiúde o discurso poético do pensamento filosófico. Neste contexto, o problema da linguagem, da relação entre as palavras e os corpos nomeados, é uma das temáticas mais em evidência, ainda que reflectindo simbolicamente, por meio de uma linguagem que privilegia o sentido metafórico das palavras, certa dimensão ética de que o poema não abdica. Sirva de exemplo esta

Clareza de Juízo

Entendo que a vida é o que vivemos: esta a tua a
   minha a nossa vida
entendo que um poema é pobreza comparado com a vida
entendo que é pausa
que por um instante separa a vida de si
que pesa e faz balanço
aguça os sentidos
Entendo que é acesso ao intelecto
um vértice corpóreo
impróprio
Assim o entendo
que o poema indica a desconexão entre melodia e
   sentido
Entendo que um poema só se escreve com versos finais

Desfunda o idioma
desfunda a vida



Esta ideia de poema enquanto acesso ao intelecto é o que mais sobressai na poesia de Chus Pato, jogando aqui com alegorias, acolá com símbolos, por vezes aforística, outras vezes elíptica, no encalço de um idioma capaz de traduzir a intensidade dos ritmos que pautam o andamento do mundo. À imaterialidade da linguagem, a poesia responde com a ambiguidade do verso: «escrevo a voz como um país estrangeiro». É este o seu poder alquímico, o seu assombro, a sua estimulante e desafiante proposta.

Bem diferente é a poética de Jesús Jiménez Domínguez (n. 1970), natural de Saragoça. Ensinar o eco a falar (do lado esquerdo, Abril de 2017) é uma antologia com poemas provenientes de três livros do autor: Fundido en Negro (2007), Frecuencias (2012) e Contra las cosas redondas (2016). A confiar na informação disponibilizada online, pois, infelizmente, nenhuma nota explicativa acompanha esta edição, ficou de fora o poemário de estreia Diario de la anemia / Fermentaciones (2000).

Inscrita nas tendências dominantes do seu tempo, poder-se-ia dizer desta poesia o mesmo que se diz de tanta outra arreigada aos pormenores do quotidiano. Nos primeiros poemas sobressai o tom elegíaco proveniente de uma paisagem urbana com bares e cemitérios em pano de fundo. A solidão, a melancolia, o tédio, são constantes que atravessam poemas devedores de uma narratividade que o poema de Billy Collins incluído no segundo conjunto bem sintetiza em cinco singelos versos da segunda estrofe: «Sirvo-me dos detalhes mais simples / — um cão adormecido no chão, / um pássaro que escapa por uma janela — / para me revoltar contra a tradição literária / mais grandiloquente» (p. 27). Não enjeitamos, porém, a possibilidade de no futuro ser esta a tradição contra a qual alguém escreverá, por antever no prosaísmo discursivo, eivado aqui e acolá de referências multiculturais e de uma ligeira ironia, a pose repetida do flâneur baudelairiano: «A cidade por onde caminhamos é um sapato demasiado apertado» (p. 13).

O existencialismo previsível que matiza grande parte destes poemas resulta em cenas quotidianas e rotineiras, descontinuadas apenas pela capacidade que o poeta demonstra em, a espaços, arriscar olhar para o mundo sem por ele ser absorvido. É o caso do poema que deu título ao último dos livros contemplados nesta breve antologia traduzida por Maria Sousa:


CONTRA AS COISAS REDONDAS

Amamos as coisas redondas e pensamos
que vão ser eternas e amáveis e perfeitas:
a toranja debaixo do rotundo sol de agosto,
a pulseira que orbita em volta do pulso,
a moeda com duas caras e nenhuma cruz,
a bola de praia em cujo interior ainda se respira
um ar paciente de mil novecentos e oitenta e dois.

Há dias redondos em que tudo se encaixa
e a vida parece andar sobre rodas:
alguém, de lixa na mão, encarregou-se
de subtrair ao mundo todas as esquinas,
todas as arestas, todas as bordas.

Mas basta que atravesses um declive
ou que tudo se volte, de repente, para cima,
para verificar que são as coisas redondas
as primeiras a sair e a começar a correr:
a toranja, a pulseira, a moeda e a bola.

Eu recuso-me redondamente a aceitar tais desplantes.
Às formas esféricas eu oponho as coisas informes.
Escolho as imperfeitas, as imprecisas, as irregulares.
Aquelas cheias de defeitos, amolgadelas ou dobras.
Bonitas e originais, sem se sujeitarem a nenhum centro,
só elas permanecem e nos acompanham sempre.


HENRIQUE MANUEL BENTO FIALHO, blog personal (15-06-2017)

lunes, 5 de junio de 2017

"Ensinar o eco a falar" en la televisión portuguesa



Ensinar o eco a falar, la antología de mi poesía que la editorial Do Lado Esquerdo publicó hace pocas semanas (selección y traducción de Maria Sousa), aparece reseñada en el "SIC Noticias" de la televisión portuguesa (algo así como el "24 Horas" de aquí).

Como siempre, muito obrigado.

lunes, 8 de mayo de 2017

Con las cosas informes

[clic encima para agrandar]

Gregorio Muelas Bermúdez
Crátera, nº 0, abril 2017

lunes, 17 de abril de 2017

Festival "REALIZAR: poesia"

 
El próximo sábado 22 de abril, a las 16:30 horas y en el Centro Cultural de Paredes de Coura, Maria Sousa (editora de Do Lado Esquerdo) y yo mismo estaremos presentando "Ensinar o eco a falar", una antología de mis poemas felizmente traducidos al portugués.

lunes, 10 de abril de 2017

Ojos (Czesław Miłosz)


OJOS
(UN POEMA DE Czesław Miłosz)

Estimados ojos míos, estáis en baja forma,
me proporcionáis unos contornos borrosos,
y cuando es un color, está nebuloso.
Pero fuisteis una jauría de lebreles reales
con los que salía antaño de mañana.
Prendedores ojos míos, habéis visto muchos
países y ciudades, islas y océanos.
Juntos saludamos las enormes salidas de sol,
cuando un largo aliento nos llamaba a correr
por las sendas en las que se secaba el rocío.
Ahora, lo que habéis visto lo conservo en mí
y se transforma  en memoria o en sueños.
Me alejo lentamente de esta feria del mundo 
y percibo en mí como una aversión
hacia las simiescas ropas, gritos, redobles.
Qué alivio. A solas con mis meditaciones
sobre las afinidades fundamentales de la gente
y sobre el pequeño grano de las disimilitudes.
Sin ojos, absorto en un punto claro
que se extiende y se apodera de mí.


[Traducción: Xavier Farré]

lunes, 13 de marzo de 2017

Naturaleza muerta con flores (Paulo Ferraz)

Fotografía: Jose Laíño

NATURALEZA MUERTA CON FLORES
(UN POEMA DE PAULO FERRAZ)

Una semana y parte de la compra del mercado continúa en la cocina.
Me pregunto: ¿para qué fue cuidadosamente escogida
si ahora es inservible para el consumo? Las frutas
perdieron la lozanía, los iniciales verdes, rojos y amarillos,
que tanto cautivaron las retinas determinando ésta sí,
aquella no, fueron manchados por la paleta del tiempo,
aguarrás que desde el primer día les roba el barniz.
Aquí y allá, las rugosas pieles se oxidan y, como un cáncer,
un negro de necrosis se extiende en la misma proporción
que las albas colonias (los cuerpos marchitos se explican
por lo que fue azúcar y hoy escurre alcohólico por el fregadero).
Así son las frutas, fallecen separadas de cuanto las nutre.
A patatas, zanahorias y cebollas no les fue reservado otro
destino, pero antes de descomponerse intentan, pues
no olvidan que son raíces, plantarse en el aire donde
prosperan los mosquitos. La corona de higos está seca.


[Traducción: Jesús Jiménez Domínguez]

lunes, 6 de marzo de 2017

Poemas en italiano

Ilustración de Pablo Gallo

Antonio Bux, un poeta italiano tan singular como interesante (léanlo, porque ha publicado también en España), ha tenido la gentileza y la paciencia de traducir a su idioma un puñado de poemas míos. No suenan nada mal o me lo parece a mí. Muy agradecido. Se pueden leer aquí.

Aquí va uno de ellos:

IL PONTE NELLA NEBBIA

Resto fermo
a metà del cammino
e ascolto.

Da un estremo
chi sono stato mi dice:
aspettami!

Dall’altro,
chi sarò mi sussurra:
seguimi.

E il ponte, eterno,
non regge il peso dei tre.

lunes, 20 de febrero de 2017

66 versos en la ciudad sitiada (Rikardo Arregi)


66 VERSOS EN LA CIUDAD SITIADA
(UN POEMA DE RIKARDO ARREGI)

Cuando atravieso sin prisa las calles y plazas de Gasteiz
yendo, como cada día, camino del trabajo o a ver a los amigos,
pienso, sobresaltado de repente,
que hacer esto mismo allí
resulta ciertamente peligroso muchos días,
y con la vista hacia lo alto de las casas calculo,
la mirada fría y el ánimo en suspenso,
qué lugar elegiría el francotirador,
por dónde llegará la bala
que tornará mi cabeza en flor negra de sangre,
porque esa plaza demasiado ancha resulta sospechosa. Esa calle.
El parque rodeado de edificios altos.

He oído que en los parques de Sarajevo
ya no hay árboles,
porque los habitantes los han cortado para calentar sus casas,
y pienso, sobresaltado de repente,
que no tengo en mi casa un lugar apropiado para hacer fuego.
Mi calle además está llena de edificios oficiales,
y dado que las oficinas gubernamentales suelen ser importantes
en tiempo de guerra,
pienso, sobresaltado de repente,
que quizá mi calle se haya convertido en zona de conflicto
y puede que esté ya destruida
mi casa en Sarajevo.

¿Cómo se las arregla el que soy yo en Sarajevo?
¿Va aún a trabajar, por ejemplo? ¿O acaso
hace tiempo ya que todas esas vulgares costumbres desaparecieron?
Y pienso, sobresaltado de repente,
que seguramente las escuelas estarán cerradas,
y que la mía, además, está al otro lado del ferrocarril, cerca de estación,
y que los ferrocarriles y estaciones son, al parecer, cosas que se deben controlar
en tiempo de guerra.

Aguardar largo tiempo cartas que no llegan
y poder escribir otras nuevas.

¿Cómo hago la compra en Sarajevo?
Desde que un kilo de patatas cuesta diez marcos
me paso horas haciendo sumas y restas
pero los resultados siempre tienen hambre.
Y pienso, sobresaltado de repente,
que el hambre, el frío, el terror, las colas, la mala suerte
son costumbres demasiado vulgares
en tiempo de guerra.

La ciudad está ya dividida,
son heridas las fronteras interiores
y esa sangre no es una metáfora,
más allá de las vías los enemigos amigos,
a este lado del puente los amigos enemigos.
¿De qué suerte me he adaptado a la situación que me ha tocado en suerte?

Y pienso, sobresaltado de repente,
que mi madre vive en el Oeste y yo en el centro
y que los dos barrios, también el de mi hermano, pueden estar más alejados
en tiempo de guerra,
y que tales divisiones son imprevistas, y crueles,
si estoy aquí es porque esa noche me quedé a cenar en tu casa.

No faltan en los alrededores de Gasteiz
lugares apropiados para situar la artillería;
quizá Zaldiaran o los montes de Vitoria
no sean tan espectaculares como el monte Ilidza,
pero las bombas lanzadas desde allí pueden hacer un buen trabajo.
Y después echarse a andar carretera adelante, con el equipaje a cuestas,
ciudadanos sin ciudad,
si es verano bajo el bochorno, si es invierno sobre el hielo,
perdidos por caminos que no llevan a ningún lado,
en busca de un amparo que no existe en ningún lugar.
La cuestión es seguir vivo hasta que se firmen los acuerdos de paz.
Que no escriba otro 6 el diablo.

lunes, 13 de febrero de 2017

Una mezcla de imaginación y Kintsugi


Jesús Jiménez Domínguez (Zaragoza, 1970) es autor de los libros de poemas Diario de la anemia y Fermentaciones (Olifante, 2000), Fundido en negro (DVD Ediciones, 2007, premio Hermanos Argensola), Frecuencias (Visor, 2012, premio Ciudad de Burgos) y Contra las cosas redondas (La Bella Varsovia, 2016), libro del que vamos a hablar hoy. Además de haber sido incluido en numerosas antologías, sus poemas han sido traducidos a idiomas como el portugués, griego, armenio, rumano, búlgaro, croata, inglés, árabe y gallego.

Contra las cosas redondas está compuesto por treinta y cinco poemas, agrupados en cinco secciones. La primera de ellas, «Ante», se abre con el poema «Credenciales», en el cual, a modo de presentación, Jiménez Domínguez se sitúa frente a la ventana, lugar que le corresponde al poeta, y comienza con su observación:

«Me gusta, cada mañana, abrir la ventana de par
en par como una postal hecha de papel de arroz.
Bajar al mundo y hallar que todo está en su sitio:
la invitación de los caminos, el verde de los semáforos,
el escarabajo que hace rodar el sol por la montaña,
la fruta dentro de sus fundas nuevas, en todas partes la luz.

[…]»
O como bien dice en «Café solo»:

«Dios hizo el mundo y lo hizo con premura,
pero los poetas, sin moverse de sus casas,
inflamados, coronados por lenguas de fuego,
tiritando de soledad y de frío en la madrugada,
lo mantienen en continuo funcionamiento.
[…]»
Como bien indican sus poemas, Jesús Jiménez Domínguez es un observador que no teme intervenir, un hacedor, un inventor, coge la luz, los animales, los árboles y con ello crea una realidad alternativa y la desenvuelve en una épica de la imaginación (no sé si esta expresión tiene algún sentido, pero la compro), y es que el poeta recoge la realidad para romperla y recomponerla con la masa de las imágenes imprevistas, uniendo referentes lejanos y generando un impacto profundo en el lector, como se va demostrando cada vez más a medida que avanza el libro.

En la segunda parte, titulada «Cabe», el poeta se acerca a la muerte y al paso de tiempo. A la primera la contrapone a un juego de niños:

«Nos gustaba jugar dentro del viejo coche fúnebre,
un Renault Caronte del año sesenta y tres.
Su triste figura bajo el cielo inclemente,
su chapa negra picoteada por el sol y los pájaros,
sus ruedas llenas de algas y de caracoles
de tanto viajar por los cinco ríos del Hades.
[…]»
Y al acercarse al tiempo, se acerca a la historia, a sus poetas, y también a su poesía:

«[…]
La Joven bibliotecaria, muerta de aburrimiento,
se distrae haciendo girar en los números del fechador.
Hay tanta vitalidad en el más inocente de sus gestos
es tan larga la línea del amor en la palma de su mano,
que acaso su pequeña máquina del tiempo
podría accidentalmente resucitarnos:
a la pálida poesía, a ella misma y a mí».
 

Vemos en todo el libro a un poeta meticuloso, minucioso, preciso y con un dominio total de la técnica. Se adentra en los detalles, los pervierte y de esa perversión obtiene las imágenes potentes que van llenando «sus visiones». Pienso en el Kintsugi, ese arte japonés que consiste en recomponer cerámicas rotas uniendo sus piezas con una pasta de oro. Digamos (perdón por esto) que los poemas de Jesús Jiménez Domínguez son un poco así, la búsqueda (y el encuentro) de una estética extraordinaria sobre un relato aparentemente cotidiano.

En la tercera parte, «Cabe», encontramos que el poeta trata constantemente de trascender la realidad, de ver más allá. En este ejercicio de profundidad horizontal me recuerda en algunos casos a Roberto Juarroz (en otro plano, algo menos metafísico y existencial), quien en alguno de sus poemas se preguntaba cómo hacer un ramo con la rosa del cuadro, la rosa del libro y la rosa del jarrón. Pienso en él al leer «Bodegón», en el que Jiménez Domínguez, observando, efectivamente, un bodegón, se pregunta:

«[…]
¿Qué sucederá cuando los cubiertos caigan
al suelo con su blanco relámpago de metal,
cuando la fruta eche a rodar atravesando los siglos
hasta este instante que ya no es tuyo ni mío,
cuando la leche se derrame —pálida y fría—
borrándolo súbita, desesperadamente todo?»
Justo a continuación tenemos un ejemplo perfecto de cómo funciona esta épica de la imaginación (perdonadme de nuevo, perdonadme siempre) de la que hablaba, y de cómo acaba por conformar un relato en cierto modo fantástico a partir de un cuadro (mostrado a continuación):

«Es tan afilado el bisturí del doctor Tulp que, además del cadáver, ha diseccionado por error también esta parte del cuadro.
Entre los tendones del brazo sin vida brotan algunas hilachas de lienzo que el maestro cirujano —pese al manual de Vesalio De Humani Corporis Fabrica— no sabe a ciencia cierta identificar. Por si fuera poco, junto a las venas rojas del sistema sanguíneo, asoman los cables verdes y amarillos del sistema de seguridad.
[…]»
Tulp Poesía Literarura 

En la cuarta parte, «Con», Jiménez Domínguez vuelve la vista hacia sí mismo, deja por un momento la ventana (aunque la mira de reojo, la comprueba, como hace también con el álbum de fotos familiar) y observa, entre otras cosas, su «Cuerpo»:

«En esta bolsa de viaje, madre, guardaste
lo necesario: una mente, un estómago y un sexo.
Nervios y bronquios. Riñones: dos por si acaso.
Con unas pinzas de cocina, del más grande
al más pequeño, fuiste introduciendo los huesos.
Para que no se soltaran y golpearan en las vueltas
del camino los anudaste con tendones y venas,
los envolviste primorosamente de tejidos y músculos.
Terminada la tarea, dejaste un corazón
al cuidado de todo: esta es mi herencia, hijo,
no la derroches; aunque escasa, habrá de bastarte.

[…]»
En la última parte, «Contra», nos encontramos el poema que da nombre al libro «Contra las cosas redondas»:

«Amamos las cosas redondas pensando
que han de ser eternas y amables y perfectas:
el pomelo bajo el rotundo sol de agosto,
la pulsera que orbita alrededor del pulso,
la moneda con dos caras y ninguna cruz,
el balón de playa en cuyo interior aún se respira
un paciente aire de mil novecientos ochenta y dos.
[…]»
Pero también varios poemas turísticos, un par de ellos dedicados a Roma, otro a Oporto, y también un poema, el final, dedicado a los grillos (y a Dios, su creador):

«[…]
Tocad, tocad, les grito bajo las estrellas
y las ruedas dentadas del oscuro engranaje.
Mostradnos ya la partitura de todo esto.
Interpretad la banda sonora original
que se os confió en el inicio de los tiempos
y solo así podremos bajar el telón,
solo así conseguiremos dormir.
[…]»
Contra las cosas redondas es, aunque le pese al autor (que no lo creo, claro), un libro redondo y rotundo, también amable, muy bien escrito, divertido y sorprendente. Quizá llamar épica de la imaginación a lo que hace Jesús Jimenez Domínguez no sea acertado y sea un exceso mío, vosotros diréis, pero yo me quedo con eso, con ese chorro de imágenes fantásticas, con esa realidad retorcida que los lectores, inocentes, no podemos más que admirar con sorpresa y fascinación.

DIEGO ÁLVAREZ MIGUEL
revista Oculta, 02-02-2017

lunes, 6 de febrero de 2017

Preposiciones


PREPOSICIONES
 
   La década que inauguró este tiempo digital ha emplazado en sitio visible a una generación de voces emergentes que llega al espacio poético sin quiebras ni estridencias, con el paso de un quehacer que busca con firmeza un lugar propio. A esa foto de grupo pertenece Jesús Jiménez Domínguez (Zaragoza, 1970), autor de los poemarios Fundido en negro, carta de presentación reconocida con el Premio Hermanos Argensola, y Frecuencias, que consiguió en 2011 el Premio Ciudad de Burgos. Ambas entregas consolidan una creación seleccionada en varias antologías nacionales y muestran el trazado natural de una senda que ahora completa Contra las cosas redondas.
 
   Jesús Jiménez Domínguez sorprende al lector con una sugerente organización preposicional. Los nexos “Ante”, “Cabe” “Bajo”… sirven como etiquetas de los apartados, precisan la íntima cartografía del sujeto verbal y sus desplegadas conexiones con el entorno. Se elige la voz directa del sujeto implicado al enumerar las propias credenciales: “Me gusta, cada mañana, abrir la ventana de par / en par como una postal hecha de papel de arroz./ Bajar al mundo y hallar que todo está en su sitio: / la invitación de los caminos, el verdor de los semáforos, / el escarabajo que hace rodar el sol por la montaña, / la fruta dentro de sus fundas nuevas, en todas partes la luz.“
   Los versos iniciales trasmiten un tono de celebración vital, expresado por medio de imágenes de claridad y amanecida; el despertar en una ventana de descubrimientos que renueva la voluntad vital y el afán de vivir. Casi sobrevuela la idea guilleniana de un universo pleno de arquitectura y simetrías, aunque Jesús Jiménez Domínguez despoja esa sensación de aspiraciones trascendentes. En cambio, sí se hace modelo para la voluntad de ser del poeta y para que el canto verbal se convierta en una disposición afectiva y testimonial sobre la realidad. Leemos en “Café solo”: “Dios hizo el mundo y lo hizo con premura, / pero los poetas, sin moverse de sus casas/ inflamados, coronados por lenguas de fuego, / gritando de soledad y frío en la madrugada / lo mantienen en funcionamiento“. Así se escribe una nueva poética que justifica la terquedad insomne de los versos entre la épica y la ironía. 
 
   La meditación sobre el trayecto diario ofrece un balance de gestos olvidados; de ese ideario participa el poema “Rimbaud regresa a casa”. Quien retorna al pasado no es el protagonista de ninguna hazaña sino el portador de un colmado equipaje hecho de cansancio y desaliento. Al cabo, en la consumación de lo cotidiano nada sucede, salvo lo contingente. Todo parece inmerso en la quietud de una larga espera, como si fuese inminente un cambio, una mudanza, que está ahí, inadvertida, bajo el amparo del silencio.
 
   El campo visual despliega situaciones y formas, asimetrías y cosas redondas, y ellas son los elementos que acuden al poema, como si las palabras pretendiesen descubrir el orden natural que oculta su epidermis, como si la poesía fuese capaz de convertir en sedimento perdurable el vitalismo ensimismado del tiempo.
 
 JOSÉ LUIS MORANTE
10/01/2017

lunes, 30 de enero de 2017

Los ángulos del poema

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lunes, 23 de enero de 2017

Un vídeo y una carta



Cosas (redondas) con las que estoy muy a favor y que le dejan a uno la sonrisa puesta para todo el fin de semana, porque dan cuenta de que la poesía no está herida de muerte (antes al contrario: además de ayudar a conocernos a nosotros y al mundo en que vivimos, nos acerca los unos a los otros, nos pone en sintonía).

Recibo un correo electrónico desde el IES "Zurbarán", de Badajoz (ciudad en la que, ahora que lo pienso, nunca he estado). El correo lleva adjunto un archivo que resulta mejor que cualquier premio y cualquier buena reseña literaria en un suplemento cultural.

La carta recibida dice:

Buenos días, Jesús.

Le escribo unas palabras de explicación para acompañar el envío del vídeo sobre "Contra las cosas redondas" de nuestros alumnos de 2º de bachillerato. Aunque bien modesto, ha sido para ellos y para Ángeles un trabajo intenso, y me consta que elaborado con todo el corazón (no podía ser de otro modo); imagino que le gustará echarle un vistazo y tal vez escuchar cómo resuenan sus versos tan lejos y tan cerca de Aragón, con acento extremeño. 

Ángeles G. es esta profesora extraordinaria y vitalista que consigue sacar tanto bueno de sus alumnos; queríamos empezar a trabajar con ellos a medio camino entre su asignatura y la mía, Lengua y Literatura. Este curso yo estaba decidido a echar el resto con la poesía para que no se convirtiera un año más en una lista de nombres y obras ilustrados con algún poema que otro. Me estaba preguntando cómo me las apañaría para conseguirlo cuando leí su estupendo poema en el blog de Álvaro Valverde y le propuse que empezáramos por aquí; a ella y a los alumnos este comienzo les pareció mejor que bien. 

En el entretanto, montando una tarde en bicicleta se me averió el corazón y hubo que ponérmelo a punto, y el mensaje de ánimo que recibí de parte de ellos en el hospital fue precisamente el vídeo que le envío y que todavía vuelvo a ver y a escuchar tan atento. Un guiño que me ha hecho pensar mucho en las formas en que se nos presentan, pensamos o aceptamos las cosas que nos pasan. Y una vez más, los alumnos dando lecciones…

No han querido que figurasen créditos, dedicatorias, referencias o explicaciones y está tal cual.

Reciba un abrazo de quien, por la complicidad entre quien escribe y quien lee, le siente cercano. De corazón.
 J. H.

lunes, 9 de enero de 2017

"Contra las cosas redondas" en el resumen anual de El Cultural


2016, año cerrado a cal y canto. Ya sólo se nos permitirá volver a él en ocasiones muy puntuales y con invitación expresa de la Memoria, celosa ama de llaves. A la Nostalgia mejor decirle que no: la añoranza es el camino previo para convertirse uno mismo en estatua de sal.

2016 se cerró con la última alegría literaria para "Contra las cosas redondas" (La Bella Varsovia): entre los mejores libros de poesía del año según el poeta y crítico de El Cultural (periódico "El Mundo"), Martín López-Vega.

Pero estamos en 2017 y nuevos proyectos ilusionantes asoman ya. Daremos la batalla, como siempre, para que salgan adelante. Con tranquilidad pero con perseverancia, marcas de la casa.

Feliz año para todos.

lunes, 2 de enero de 2017

Cosecha poética de 2016


  1. La vida continua, Mark Strand (Visor). Traducción de Dámaso López García.
  2. No estábamos allí, Jordi Doce (Pre-Textos).
  3. Obra completa bilingüe, Arthur Rimbaud (Atalanta). Edición de Mauro Armiño.
  4. La mente salvaje, Gary Snyder (Árdora). Edición y selección de Nacho Fernández Rocafort.
  5. El huésped esperado. Poesía reunida 2004-2016, Alberto Santamaría (La Bella Varsovia).
  6. (Tras)lúcidas. Poesía escrita por mujeres (1980-2016), VV.AA. (Bartleby). Edición de Marta López Vilar.
  7. Las flores del mal, Charles Baudelaire (Hiperión). Versión de Jesús Munárriz.
  8. Malgastar, Mercedes Cebrián (La Bella Varsovia).
  9. Poesía completa (1980-2015), Manuel Vilas (Visor).
  10. Poesía completa, Alejandra Pizarnik (Lumen).
 
 
Cosechas anteriores:
 
2015: Antología poética, Wisława Szymborska (Visor). Traducción de Elzbieta Bortkiewicz.
2014: Horla City y otros, Fabián Casas (Seix Barral).
2013: Miniaturas de tiempos venideros. Poesía rumana contemporánea, VV.AA. (Vaso Roto). Edición bilingüe de Catalina Iliescu Gheorghiu. 
2012: Poesía completa, Zbigniew Herbert (Lumen). Traducción de Xaverio Ballester.
2011: El fugitivo, Jesús Aguado (Vaso Roto).
2010: El gran número, Fin y principio y otros poemas, Wislawa Szymborska (Hiperión, 5ª edición).  Edición de Maria Filipowicz-Rudek y Juan Carlos Vidal.
2009: La voz a las tres de la madrugada, Charles Simic (DVD ediciones). Traducción y prólogo de Martín López-Vega.