Quarto de Hóspedes (Ed. Lingua Morta, Lisboa, 2013) es una pequeña apuesta por acercar la poesía portuguesa y española. Tengo en ella el honor de participar junto a nombres como Miguel Martins, Heitor Ferraz Mello, Ernesto Pérez Vallejo, José Manuel Teixeira da Silva, António Barahona, Roger Wolfe, Frederico Pedreira, Joan Margarit, José Ángel Cilleruelo, Fernando Pinto do Amaral, Josep M. Rodríguez, Vasco Gato, João Almeida, Carlos Poças Falcão, Jorge Roque, António Gregório, Luis Manuel Gaspar, Nunes da Rocha, Rui Nunes, Rui Baião, José Carlos Soares, Renata Correia Botelho, Nuno Moura, Elena Medel, Luís Filipe Parrado, Fabiano Calixto, Abel Neves, Margarida Vale de Gato, Diogo Vaz Pinto, Luna Miguel, Paulo Tavares, Rui Pires Cabral, Luís Quintais, David Teles Pereira, Jaime Rocha, Hélia Correia, A. M. António Manuel Pires Cabral, Luis Alberto de Cuenca, Miguel-Manso y Rui Caeiro.
Mis agradecimientos al editor Diogo Vaz Pinto y a mi traductor Luís Filipe Parrado, que ha vertido a su idioma este poema mío, inédito hasta la fecha. Lo dejo tal cual, en portugués:
Mis agradecimientos al editor Diogo Vaz Pinto y a mi traductor Luís Filipe Parrado, que ha vertido a su idioma este poema mío, inédito hasta la fecha. Lo dejo tal cual, en portugués:
AUTO-RETRATO
Gosto muito, de ao acordar, abrir a janela de par
em par como um postal japonés de papel de arroz.
Descer ao mundo e confirmar que tudo está como debe:
o toldo limpo do céu, a erva, o sol e as formigas.
Tudo em completa ordem, perfeitamente disposto
como no início de uma partida de xadrez:
à minha direita, o lado direito, o outro à minha esquerda
e eu avançando no meio de tudo, Peão Quatro Rei.
Quando vou a teu lado raramente vou comigo:
sou o que volta atrás enrolando o caminho,
o que desmonta o cenário pedra a pedra,
as árvores folha a folha, os instantes um a um.
O que varre os cravos empalidecidos da estreia.
O que apaga a luz ao sair pela porta dos fundos.
Do porvir sei o que devo: depois da tromba
virá o resto do elefante, arrasando-o completamente.
Ao pasado não peço contas,
faltam-lhe dedos para as fazer todas.
As coisas que vão ficando para trás
fazen-se mais e mais pequenas - cada vez mais.
Amável, a nostalgia emprestar-te-á a sua lupa
de coleccionador se a quiseres ver bem.
Quanto ao resto sou talvez o último ramo
de uma árvore genealógica com temor do inverno.
Aquela que não dá rebentos, nem sombra, nem pássaros.
O que me reserva a vida? Não sei.
As cerejas vêm em pares, duas
a duas, juntas, e cabem na minha boca.
Os dias, surgindo um a um, enchem
as margens do coração e transbordam-no.
No hay comentarios:
Publicar un comentario